sexta-feira, maio 05, 2006

How to fly (or... if you wanna reach the sky, you'd better know how)

Quando acordou, viu que tinha sonhado. Era mais um sentimento do que uma impressão consciente. E tentou começar o dia se lembrando de tudo. Mas a memória foi traiçoeira. E a incerteza o fez esquecer a parte que faltava do quebra cabeças.

Resolveu que não queria apenas visitar o mundo por mais um dia. Decidiu que não queria apenas sentir o calor do sol. Queria ir até o Olimpo e roubar o fogo dos deuses, para compartilhar com quem lhe presenteasse com um sorriso sincero.

Mas Prometeu era um Titã, e mesmo assim falhara ao fim. Então, como fazê-lo, não sendo um super-homem? Como se banhar no infinito e manter-se seguro? Sonhos. Pensou que talvez, por hora, não precisasse deles. Pensou que talvez Prometeu tivesse apenas sido descuidado.

Chegaria ao sol portando asas e roubaria o fogo eterno. Mas não cometeria os mesmos erros de Ícaro: forjaria suas asas na alma, para que não derretessem à primeira dificuldade. Coragem, coragem. Medo de cair. Medo de cair de tão alto. Medo de sentir dor. Medo de se sentir fraco.

Não conseguia deixar de duvidar. Se realmente conseguiria alçar vôo carregando a culpa de todos em que já infligira sofrimento. Peso muito grande para levantar dessa forma. O medo de não sair do chão. Pensou em manter do sol a distância necessária para aquecer o coração sem queimar as asas.

Foi quando uma estrela pousou como sombra de sonho em seu ombro, vinda do céu. Ofereceu: “dou-te todo o meu brilho se disseres porque ris tanto se és tão triste assim”. Ele disse: “Ora, vamos dançar”. Enquanto dançava, pensava se era justo compartilhar a luz apenas com os sorrisos sinceros.

Pensou que apenas vemos sombras sem conhecermos a luz. Não tocamos a alma por julgarmos possuir todo o fogo que precisamos em nossas mãos. Sentiu o vazio da solidão soprando em seu ouvido. Dizendo-lhe para rir de tudo aquilo. Dizendo-lhe pra se encolher embaixo do lençol e se esconder do frio da noite.

De que adianta saber rir apenas das estrelas em luz desfalecidas? Rir da liberdade e do amor? De que adianta prolongar uma vida com a alma corroída? Preferia conviver com a dúvida a negar o belo. Respirou fundo. E achou que tudo era uma questão de não deixar o sol lhe queimar o olhar e ir em frente.

Percebeu por um momento gostar de ser a si mesmo. Gostava de se agarrar a esperança da inocência. Que gostava ainda de sonhar, muito embora não soubesse mais como. E concluiu que a empreitada valia a pena. Concluiu que se, ao final, ele sofresse eternamente o castigo divino, teria valido a pena mesmo assim.

2 comentários:

Ana Flávia Alberton disse...

Ai, nem sei o que dizer. Texto muito muito muito lindo!

>>> Independente do final sempre vale a pena viver o que nos é proporcionado - seja pelo sonho ou pela realidade<<<

Bjos,
Ana.

Anônimo disse...

texto do caralho!!! muito FODA!!!
e, como diz a ana ai em cima, tudo vale a pena... independetes do resultados!!!
valeu a lagrima escorrida!!!