segunda-feira, maio 15, 2006

HildA (ou... vocação para crítica literária [?])

Depois de muito, muito lutar, contra meu comodismo e contra a dificuldade da Obra, consegui terminar de ler “Tú não te moves de ti”, de Hilda Hist. E o que eu posso dizer? Enfim. Resumo. Tadeu é a razão, um empresário bem-sucedido que ao chegar à meia-idade passa a se questionar sobre a própria existência e a vida de aparências que leva em companhia da mulher. Ele deseja seus livros, criação artística e o ostracismo, em detrimento do trabalho administrativo na empresa.

Matamoros é uma menina habituada desde muito cedo ao... ahnm, “contato” com os homens. Sua mãe, Haiága, chama então um sacerdote exorciza-la. E eis que também o religioso se envolve com ela. Ela começa a disputar com a mãe o amor do mesmo homem. Enfim. Complexo de Édipo, que, em Hilda fica bem mais... colorido. "Axelrod" é novamente uma reflexão sobre o tempo e a finitude, que domina o fluxo desenfreado de idéias. Nesta última história, porém, o caos me pareceu mais ordenado. O que, de forma paradoxal, me deixou ainda mais confuso.

Arrisco-me a analisar. Em uma metáfora bem vulgar, eu diria que o livro é como um milkshake de ovomaltine, só que sem leite. Maravilho e denso. Seu modo fragmentado e convulsivo, o modo como ela constrói três histórias distintas entre si, mas conectadas em fluxo de pensamento. Como já dizia a Gestalt, “o todo é maior do que a soma das partes”. E isso bem se aplica aqui. Estou certo de que não entendi tudo o que precisava para satisfazer minhas interpretações, carcomidas pela falta de paciência e tempo para ler de novo.

Apesar de não possuir uma linguagem linear, de não seguir convenções gramaticais e ter um ritmo próprio, tenho certeza de que não é Hilda que é incompreensível. As pessoas é que, em geral, adoram não compreender. É bonito ter em casa alguma coisa que não se compreende. Eu já acho que cada um deve entender a sua verdade sobre a história. Mas, para mim, mais do que um entendimento, a obra dela mostra uma essência contraditória, que é o que me atrai. Não era mulher de meias palavras ou rodeios. Escrevia com paixão, beleza, violência, amor, loucura. E eu sei admirar isso em alguém.

Um comentário:

Anônimo disse...

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