quarta-feira, abril 26, 2006

SUperomEM (ou... como andar com a cueca por cima da calça)

Eis que disserto sobre algo que andei pensando muito nos últimos dias. O bom de ser hiperativo é justamente que, por mais que você viva com um problema atrás do outro, mesmo assim vai encontrar tempo pra pensar em algo que não tem nada a ver com o seu futuro imediato. E vai gostar disso. Talvez seja uma conversa que me fez parar pra pensar. Bom, eis que penso então sobre armamentos, exércitos e o futuro da humanidade. E resolvi continuar acreditando que, mesmo que possamos destruir o mundo com fogos de artifício a qualquer momento, acho que a guerra não será o fim dos tempos. Acho que há formas muito mais dolorosas e lentas do mundo acabar.

Penso então em Nietzsche. Era esse o significado dos tempos vindouros? Devia-se aceitar na totalidade um mundo onde uma nova ordem deveria fatalmente imperar, na qual as novas regras, acima do bem e do mal, seriam impostas por essa figura exponencial que era o super-homem. Eu acho que estamos acima de qualquer bem e qualquer mal que já tenhamos concebido. Mas travestimos isso muito bem. Nietzsche tinha a firme convicção de que a sociedade européia em que vivia estava atacada por profundos males.

A globalização me faz pensar a mesma coisa do mundo inteiro. Então, ou evoluímos, ou acabamos por tédio, “causa mortis”: mesmice. A teoria do surgimento futuro de um novo indivíduo que juntasse o abandono de valores morais foi decorrente do culto ao gênio dos primeiros românticos. Uma esperança de que algum de nós algum dia estaria livre das mazelas que nós mesmos criamos. E os românticos, em grande maioria, morreram muito cedo. Então, eis que recorro a “Humano, demasiado humano”: "Se o homem consegue adquirir a convicção filosófica da necessidade absoluta de todas as ações e, ao mesmo tempo, da total irresponsabilidade destas, se consegue converter essa convicção em carne e em sangue, então desaparecerá também este resto de remorso de consciência".

A expectativa de Nietzsche, para evitar a bancarrota da grande cultura ocidental, era aguardar a chegada do super-homem, do indivíduo dotado de virtudes incomuns, mas também da secularização da mitologia já assinalado por Goethe. Eu não acho que precisamos esperar ninguém chegar. Fausto, em suas ultimas ações, quis superar o humano, subjugar a natureza e seus semelhantes. Virou um “superhumanizado”, do verbo usar-cueca-por-cima-das-calças. Bom, eu acho que já estamos aqui. Todos usando cuecas por cima das calças, tentando superar o humano, subjugando a natureza e nossos semelhantes. Usando os outros seres humanos apenas como degrau para sua ascensão. Provavelmente, algum dia vindouro, algum convencido de sua onipotência vai vestir a sua cueca, apertar um botão, e voamos todos pelos ares. E pelo menos não teremos de esperar pela decadência.

Um comentário:

Ana Flávia Alberton disse...

Ei, não sei muito o que dizer, mas gostei do texto. Ele gerou em mim vontade de divagar a respeito de algumas coisas...
=)

Bjos
Ana