O existencialismo funda a liberdade e a responsabilidade do homem. Existimos sem que sejamos antes definidos. Nada nos precede. O medo do desamparo e do desconhecido. Mas, fora isso, ando vendo que os existencialistas também consideraram de tudo um pouco. Kierkegaard era cristão dedicado, Dostoievsky era greco-ortodoxo fanático. Beckett era burgues e protestante, mauricinho. Sartre não acreditava em força divina, e Heidegger só pensava definir o famoso Ser. O existencialismo deixa o homem pelado no meio do deserto, por tornar cada um mestre de seu destino. Pela impossibilidade de ser recompensado por uma força maior que o acaso.
Então, chegamos a três corolários:
A vida está repleta de absurdo; (gosto de pensar sobre isso)
A espécie humana tem livre-arbítrio; (discordo)
A vida é uma série de escolhas. (concordo plenamente)
A mim, fica o peso da responsabilidade de sermos livres. E eu só não discordo totalmente com essa plena liberdade porque as regras sociais são o resultado da tentativa dos homens de limitar suas próprias escolhas. E como bom behaviorista, considero que a liberdade é contingencial. Então, falo de liberdade e não de livre-arbítrio. O que me leva a tirar algumas conclusões. Talvez, a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida é aceitá-la. Porque são muito poucas decisões não têm nenhum tipo conseqüência negativa, e também são poucas as situações ruins que não têm um lado bom. Mas, se você toma uma decisão, deve levá-la até o fim.
Assumir responsabilidades. Essa definição deveria ser adicionada ao verbo “crescer” no dicionário. Porque ao crescer, vemos o peso da responsabilidade de sermos livres. As regras sociais nada mais são do que resultado da tentativa dos homens de limitar suas próprias escolhas, de por abaixo um ideal de que podemos simplesmente fazer o que quisermos. Frente a isso, o ser humano se angustia. Porque a liberdade implica escolha, que só o próprio indivíduo pode fazer. A que a própria "não ação", por si só, já é uma escolha. Arriscar-se, procurar a autenticidade, é uma tarefa árdua, uma jornada pessoal que o tal Ser deve empreender em busca de si mesmo.
Mas sinto que tudo na vida é uma questão de escolha. Todo e qualquer comportamento, regido pelos mesmos princípios. Passei dois anos estudando esse tema cientificamente, bebendo das melhores fontes. E ainda o faço com afinco. Mas embora todo o cientificismo racional tenha me feito bem, continuo ainda a precisar do absurdo. O segredo parece ser aceitar e viver as conseqüências de nossas próprias escolhas, mesmo que não sejamos inteiramente livres. Mesmo que, mesmo após tanta vida e tanta carga, tanto estudo, ainda tenha precisado encontrar alguém que me ensinasse que a felicidade também é uma questão de escolha. Que escolher também é ser feliz.
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