domingo, agosto 06, 2006

Pluricelular, apartidário, imperfeito. Tenho ouvidos irritados e olhos míopes. Prefiro falar baixo. Já desisti de ter um penteado decente. Já pratiquei quatro dos sete pecados capitais, e desrespeitei metade dos dez mandamentos. Bom gosto para consertar a tristeza démodé. Sou careta. Natural, como a distração. Gosto de olhares, rascunhos e tudo o que tem brócolis e couve-flor. Sinto-me pelado sem um relógio. Faço pequenos piques nas horas tentando estender o tempo. Menos explosivo do que deveria. Não bebo, não fumo, nada de ilícito ou hiperdosado. Faço que mais gosto de fazer, com quem mais gosto de fazer. Mais ansioso do que às vezes consigo suportar. Já curei muita insônia com Kierkegaard e Cartoon Network. Procuro o colorido de toda paisagem. Costumo desconfiar dos excessivamente simpáticos. Encontrei beleza em uma Gibson Lês Paul seis meses antes da primeira paixonite aguda. Acho que escrevo mal. Trânsito não me estressa. Aprecio muita percepção, improvisos sem linguagem de dicionário. Abstrações plenamente compreendidas, chorar para mim mesmo. Gosto de janelas. Interessam-me os detalhes, os pontos de fuga. Adoro, descubro, cada detalhe, cada palavra nova, neológica, cada jeito diferente de falar a mesma coisa. Cada jeito diferente de se ver uma nova paisagem. E fico quietinho, só sentindo. Aprecio atalhos mais longos. Os nomes diferentes para um mesmo lugar. Sei do único jeito que se pode conhecer, que é vivendo. Descobri que o melhor caminho entre dois pontos pode ter muitas curvas. Agora tenho atitude, assumo meus desejos, corro atrás deles, me surpreendo. Aprendi com alguém a ler o que está escrito entre duas linhas. E que voar é mais uma questão de se sentir leve do que se livrar do peso.

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