segunda-feira, agosto 07, 2006

Mareador

Era um tempo em que não se julgava sonhar. Era vítima do se achar são. Era um outro gosto por viver, viver, viver. Era o voltar ao início com novo ânimo e novo gosto. Era gostar mais de si mesmo, e nunca se satisfazer. Era um pensar desconexo, uma flâmula anexada num papel de bom-bom. Era de se excluir palavras repetidas. Era para decidir pensar melhor na vida, e resolver por dizer sim ao sim, e não ao não. Era um tudo ou nada flexível, calculado. Era de se voltar atrás pra dizer que sente falta. Era um tempo em que, pra se viver, era preciso saber esperar. Era uma hora feita de sorrir, além. Era posar de forte para o bicho papão, encolhendo a bexiga. Era um dosar de contramão, era sinuoso o olhar em direção ao que se perdeu. Era mera previsão, um remar de maré alta na escuridão. Era de se esperar no cais. Era apenas nada de mais.

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