sexta-feira, agosto 11, 2006

O Planeta

Ontem eu vi. Marte, mais brilhante. Meus olhos nus, seu brilho rivalizando a lua cheia. Li que no dia 27 vai estar mais próximo a Terra. À meia-noite e meia, vai ser como ver duas luas. Outra. A próxima vez que Marte ele ficar tão perto assim, o planeta estará em 2287. E ninguém que vive hoje terá oportunidade de observar isso novamente.

Uma história parada, que nem sequer consegui escrever até o meio. E agora o cheiro do café ao lado e minha ânsia de parar o tempo. Mas não é preciso parar para sentir, é preciso coragem. É bem mais do que tudo o que normalmente a gente vê na TV ou livros. Não é questão de estilo, de gosto, ou opinião. Tudo surge de uma decisão solitária.

Sentir é caráter. E o meu jeito quase vem de uma incompetência de ser diferente. É não encontrar uma desculpa para se adaptar ou fugir. É uma obstinação que supera a lealdade. E que assusta. Que não se diminui com a insegurança, mas se aumenta. É preciso algo que vem de dentro, um sustento para vencer o receio de ser incompreendido.

Para não esquecer de repetir para conferir se há claridade. Grande parte das vezes, é não precisar dizer por que. É andar desavisado de gramática, é o medo normativo, é a vírgula entre o sujeito e o verbo. É o que tenta ir alem do que a memória consegue se lembrar, e que eu carrego na minha sacola pra onde quer que eu vá, em qualquer tempo.

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